PROJETO EM ANDAMENTO 2016

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domingo, 11 de outubro de 2015

Nomes são gaiolas - Linda crônica de Rubem Alves


“Nomes são gaiolas”, é o que diz Rubem Alves nessa crônica sobre a função dos nomes - 22 jul, 2015

 
Meu amigo Amilcar Herrera é um homem sábio. Isso é surpreendente, considerando-se que ele é um cientista. O fato é que ciência e sabedoria são coisas muito diferentes. Ciência é conhecimento do mundo. Sabedoria é conhecimento da vida. A exuberância do conhecimento científico vai, frequentemente, lado a lado com uma total penúria de sabedoria. Nisso o conhecimento científico pode ficar parecido com aquela praga conhecida pelo nome de “erva-de-passarinho”, uma parasita terrível que se aloja nos troncos das árvores e, à medida que cresce, a árvore morre. Estou cansado de ver Ph.Ds tolos.

 Uma das características das palavras do sábio é que elas sempre nos surpreendem. Guimarães Rosa cita um intrigante aforismo que diz assim: “Aquilo que vou saber sem saber eu já sabia”. Mas não sabia. Sabia sem palavras. Aí o sábio abre a boca e a gente se surpreende por ouvir dito aquilo que já morava adormecido no silêncio do corpo. O  Amílcar falou e eu me surpreendi. Ele me disse:

Rubem, eu tenho um sonho. Sonho que um dia qualquer eu vou acordar e vou ter esquecido o meu nome. Quem sou eu? – eu vou me perguntar. E eu não saberei o que responder. Não terei memória do meu nome. O ruim é quando a gente esquece o nome, mas os outros continuam a saber quem somos. Aí os psiquiatras dizem que tivemos um ataque de amnésia. E tratam de nos curar, de fazer-nos lembrar o nome para que saibamos quem somos. O nome é uma gaiola onde o que somo mora. Declaram-nos curados quando o nosso ser aparece de novo dentro da gente. Aí eles teriam perdido a memória da gaiola que prendia o nosso ser. E o nosso ser transformaria em pássaro e voaria livre por espaços por onde nunca havia voado. O nome é uma prisão.

 
É preciso confessar que não foram essas, precisamente, as palavras do Amílcar. Faz muito tempo que tivemos essa conversa. Mas foram essas as associações que sua declaração provocou em mim. Eisso que ele falou, coisa na qual eu nunca havia pensado, foi para mim uma revelação. Vi repentinamente, o que eu nunca tinha visto. É isso mesmo. Nomes são gaiolas. Neles se guardam as coisas que fizemos. Existem até os currículos, gaiolas que já fizemos. Aí, com base naquilo que já fizemos, as pessoas e nós mesmos imaginamos aquilo que se pode esperar da gente.

 Peirce, lógico respeitável, no seu ensaio sobre “Como tornar claras as nossas idéias”, oferece-nos a seguinte fórmula para nos ajudar a ter clareza sobre a natureza de um objeto qualquer: “Considere quais os efeitos práticos que imaginamos que esse objeto possa ter. Então, a soma desses efeitos é o que é o nosso conceito desse objeto”. Exemplificando: o objeto “galinha” – que efeitos práticos, em nosso pensamento, são invocados por esse nome? Respondo: cacarejo, ninho, ovo, cocô, ciscar na terra, molho pardo, canja etc. Esses efeitos práticos, somados, são aquilo que, na minha cabeça, está contido dentro do nome “galinha”. Aí eu pergunto: “Como foi que cheguei a associar esses efeitos práticos ao nome galinha?”. Resposta: “Pela minha experiência passada com essa entidade penosa cacarejante”.O nome, assim, é um saco onde se deposita a experiência passada. E é baseado nessa experiência que se conclui sobre o que esperar no futuro. Ninguém vai imaginar que uma galinha vai contar como pintassilgo, nem que vai botar ovos azuis, nem que vai fazer ninhos parecidos com os dos beija-flores. Galinha e galinha, para todo o sempre. Está dito no nome.

 
Isso que foi dito sobre a galinha vale para tudo. Para as pessoas também. Quando o meu nome é pronunciado, eu sou imediatamente informado do que fiz no passado. E, ao ser informado, pelo som enfeitiçador do meu nome, daquilo que se fiz no passado, sou também informado do meu ser e daquilo que se espera de mim no futuro. O nome, assim, obriga-me a ser de um jeito que se espera. O nome contém o programa do meu ser.

 O Amilcar sabia das coisas. Imagino que aquela confissão – “Sonho que, um dia qualquer, eu vou acordar e vou ter esquecido o meu nome…” -, imagino que essa confissão nasceu de uma dor, a mesma dor que Álvaro de Campos colocou num verso: “Sou o intervalo entre o que desejo ser e o que os outros me fizeram”. Ele acorda numa manhã, com vontade sei lá de quê ´há pessoas cuja presença numa feira ou numa igreja é impensável, não combina; o lindo cirurgião de roupa branca, ele é impensável numa feira, comprando cebolas, de bermudas e sandálias, e também não se pode imaginar que o professor de economia ateu confesso ponha-se a chamar por Santa Bárbara no meio da tempestade de raios (sobre as invocações a Santa bárbara vale ser o Alberto Caeiro). Pois imagino que o Amilcar acordou com um desejo estranho qualquer, não previsto no seu nome, desejo que nunca tivera, ou que sempre tivera, mas cujo reconhecimento fora sempre proibido pelo seu nome. Mas logo veio a interdição: “Essa ação não é permitida pelo nome Amílcar Herrera. Essa ação não está prevista no programa Amílcar Herrera”.

Compreendi, então, o curioso costume de um povo primitivo que sempre dá dois nomes às pessoas. O primeiro deles é o nome igual ao nosso, anunciado, falado, escrito, conhecido, a gente grita o nome e a pessoa responde, o nome é falado e todo mundo sabe sobe quem estamos falando. O outro nome só a própria pessoa sabe. O primeiro nome é nome falso, apenas para efeitos práticos, uma mentira socialmente necessária. O outro nome, secreto, é o lugar onde mora o meu ser verdadeiro, que é muito diferente do outro. Assim, por meio desse artifício, todo mundo sabe que ninguém está preso dentro de uma gaiola de sons, que não se pode exigir que a pessoa seja, no futuro, aquilo que foi guardado no saco do nome, no passado. Cada pessoa tem, dentro de se, um segredo, um mistério. Cada burrinho pedrês tem, dentro de si, um cavalo selvagem. Cada pato doméstico te, dentro de si, um ganso selvagem. Cada velho tem, dentro de si, uma criança que deseja brincar.

Acho que era isso que o Amílcar estava dizendo:

Se eu esquecer o meu nome e se os outros não exigirem que eu continue a ser o que sempre fui, então alguma coisa nova poderá nascer da velha: uma fonte no deserto. Afinal de contas, esta é a suprema promessa do evangelho: que os velhos nascerão de novo e virarão crianças.
 

 
 
 
BOA NOITE !!!
 

Explorando os numerais: sequência e quantidades

 
 
 
Com materiais acessíveis, podemos confeccionar desafios onde a criança constrói o seu conhecimento . Mais uma sugestão matemática...
 













Jogo: Calculando as quantidades

Material produzido para a exploração de numerais, lateralidade, contagem, adição e subtração.








 
 
 
 
Quando se trata de matemática, sempre que pedimos a uma criança ou a um grupo para dizer o que fizeram e porque o fizeram, ou quando solicitamos que verbalizem os procedimentos que adotaram, justificando-os, ou comentem o que escreveram, representaram, esquematizaram, relatando as etapas de sua pesquisa, estamos permitindo que modifiquem conhecimentos prévios e construam novos significados para as ideias matemáticas” (CÂNDIDO, 2001, p.17).


 


Jogo: Dominó da Alfabetização

Através de um único jogo, podemos criar inúmeras situações didáticas e desafios cognitivos individuais ou a pequenos grupos no processo ensino aprendizagem.


Abaixo, alguns materiais confeccionados à partir desse jogo de meu acervo pessoal, bem como momentos vivenciados e algumas explorações diferenciadas conforme o nível de hipótese de escrita dos alunos envolvidos. 









































"O jogo não é simplesmente um “passatempo” para distrair os alunos, ao contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar de extraordinária importância na educação escolar. Estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso da palavra. Estimula a observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em que se vive.
Através do jogo o indivíduo pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa. O jogar é essencial para que a criança manifeste sua criatividade, utilizando suas potencialidades de maneira integral. É somente sendo criativo que a criança descobre seu próprio eu."

Autora: Thaís Cristina Rodrigues Tezani


 

Ahhhhh...Rubem Alves, maravilhoso !!!



"O filósofo francês Gaston Bachelard tem um texto que diz que somos uma civilização ocular. Trabalhamos e conhecemos com os olhos, não com as mãos. Às vezes eu brinco que os pensamentos começam com as mãos, estão ligados àquilo que a gente faz. As escolas, porém, estão concentradas apenas em atividades cerebrais. Falam em construtivismo, mas não o praticam. Aliás, todo mundo acha que isso é uma novidade, mas o Giambattista Vico, um filósofo do século 16, já falava que só podemos conhecer aquilo que construímos, com as mãos ou com a cabeça. Se a questão é essa, eu devo construir não só intelectualmente mas também de forma prática. É isso que desenvolve o prazer de fazer as coisas."


Rubem Alves: "Só aprende quem tem fome" - Nova Escola



Colherando a Matemática: confira material que produzi !!!

Com o objetivo de explorar as funções mentais, algumas noções básicas de quantidade, sequência, cores, grandeza e também práticas de leitura e escritas, confeccionei esse material para o aluno interagir e aprender, brincando !
Intitulei-o de : COLHERANDO A MATEMÁTICA !!!


















 
 
 
"Os gregos diziam que o pensamento começa quando a gente fica meio abobalhado diante de um objeto. Eles tinham até uma palavra para isso - thaumazein. Nesse sentido, a resposta é sim, pois aquele objeto representa um enigma. Você tem a mesma sensação de quando está diante de um mágico, ele faz uma coisa absurda e você quer saber como ele conseguiu aquilo. Com as coisas da vida é o mesmo. " Rubem Alves